sexta-feira, março 03, 2006

 

Teologia na universidade divide opiniões

No dia 15 de março de 1999, o MEC (Ministério da Educação) aprovou os cursos de bacharelado em teologia no Brasil. Desde 2003, o Cesumar (Centro Universitário de Maringá) é a única instituição de ensino superior do município que conta com esse bacharelado. A partir deste mês, o campus de Maringá da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) irá fornecer a pós-graduação “lato sensu” nesta área, segundo informações publicadas no site da universidade. Apesar de a aprovação completar neste mês sete anos, o curso de teologia dentro de uma instituição de ensino superior divide opiniões.

O historiador e sociólogo Gilson Aguiar diz acreditar que a teologia não deveria fazer parte da universidade, porque ciências como história, filosofia, sociologia e antropologia já fazem resgates da instituição religiosa. “Calculo que muitas das discussões que se quer criar no curso de teologia, essas ciências já abordam”, comenta. Já Hermisten Costa, doutor em Ciências da Religião, defende que cada ciência tem sua metodologia própria, seus pressupostos e objetos de estudo e diz que “mesmo a teologia partilhando desses princípios com as demais ciências, tem um status próprio, não podendo ser subordinada a nenhuma ciência em particular”.

De acordo com Aguiar, na prática, “a universidade é um instrumento de conhecimento científico, na busca de saídas e soluções para o homem nas diversas áreas de conhecimento fundadas na ciência”. Ele diz também que sempre foi impossível conciliar uma razão científica, que parte da observação empírica e de fenômenos concretos, com uma discussão que tem seus fundamentos calcados nas questões divinas. “É a tentativa de construir uma aliança entre a ciência e a religião que sempre foi uma contradição”, diz o historiador.

No entanto, segundo Costa, as universidades na Idade Média só podiam ser fundadas pelo imperador ou pelo papa e, desse modo, a teologia esteve associada diretamente à criação dessas instituições; mas com o passar do tempo foi feita uma dissociação por meio da criação dos seminários. Ele diz acreditar também que a ciência não é o único caminho para se chegar ao conhecimento. “Na realidade, não pode esgotar o real, pois o homem além de um ser biológico, é, entre outras tantas coisas, um ser metafísico.” Por isso, segundo ele, a teologia tenta apresentar respostas.

O coordenador do curso de bacharelado em teologia do Cesumar, Calvino Camargo, explica que a graduação em uma universidade é diferente da formação adquirida em um seminário. “O seminário atende a uma vocação explícita de um segmento religioso, o curso de teologia da universidade, atende a pessoas de qualquer convicção religiosa que querem ter conhecimento sobre o fenômeno religioso antigo e contemporâneo.” Camargo comenta ainda que pelo fato de a maioria dos seminários não ter o reconhecimento do MEC, muitas pessoas formadas nessas instituições têm procurado a universidade para validar o diploma.

*Foto de Sarah Ribeiro

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