Era uma vez um homem que queria ser ator. Queria porque queria. Na frente do espelho ele buscava explorar suas facetas artísticas, encenando momentos clássicos do cinema e da televisão e discursando o seu agradecimento pelo Oscar de melhor ator. Uma imaginação e tanto.

Entretanto, a realidade de sua vida era mais cruel. Ele bem que tentara engrenar em escolas de teatro, fazer testes para compor o elenco de grandes peças, mas a sorte nunca sorrira para o homem.

Frustrado, ele decidiu mudar de ramo. Inteligente como era e com as técnicas de teatro que aprendera, o homem resolveu entrar na área da política, campo no qual sua família tinha longa história. Ele contou com a ajuda e o apoio do irmão e da cunhada, que eram deputados, e lançou sua candidatura para prefeito em uma cidade no interior do Paraná.

Nunca praticara tanto o teatro em sua vida. Durante o período eleitoral, o homem usou e abusou de promessas, caras e discursos que mobilizou toda a população da cidade. Conquistou o carisma do povo, sorriu e acenou para as pessoas na rua e também tirou fotos beijando criancinhas por todos os cantos. Um verdadeiro ator.

Dito e feito, por merecimento teatral, o homem venceu as eleições na cidade. O novo prefeito, no entanto, nunca se ateve em cumprir tudo o que prometera aos eleitores. Ignorou-os por completo. A única coisa que fez foi utilizar o dinheiro público para lançar revistas com notícias dos “feitos” da prefeitura, que, na verdade, nem eram pra divulgar as “boas-novas” da gestão política, e sim para exibir as fotos e poses de um prefeito-ator.

*Foto retirada do site Jugendserver.