domingo, março 26, 2006
Especialistas reprovam método didático de ensino
Estudiosos em educação afirmam que os currículos de ensino pouco se preocupam com a formação humana dos alunos
Desde o ensino fundamental até o curso de graduação, os currículos escolares e universitários priorizam quase que exclusivamente a formação racional e teórica. De acordo com Rosimara Saraiva Carvalho, pedagoga e mestra em psicologia social e da personalidade, isso relega a segundo plano o desenvolvimento das consciências cidadã, ética e social. Levando em consideração que a formação humana é tão importante quanto a intelectual, alguns estudiosos defendem a prática da pedagogia do amor. A metodologia, segundo especialistas, incentiva o exercício da cidadania e busca reduzir o abismo existente entre alunos e professores, por meio do amor.
O método foi originalmente elaborado na Itália do século XIX, por São Leonardo Murialdo. Ele pregava que somente educando o coração com o sentimento do amor seria possível educar o jovem integralmente. Em Maringá, a ONG Lar Escola é a única instituição que adota o método para atender mais de 200 crianças no contraturno das aulas escolares. Os alunos aprendem atividades, que vão desde o canto até a prática do artesanato. Segundo Thiago Gimenes Simões, diretor pedagógico do Lar Escola, as crianças recebem atenção, carinho, aprendem novos ofícios e não se envolvem com a criminalidade e com o trabalho infantil. “É por meio do amor que vamos conseguir educar os jovens e, conseqüentemente, a sociedade”, afirma Simões.
O pedagogo Vicente Martins, em artigo publicado na Revista Espaço Acadêmico, de setembro de 2001, ressaltou a importância de dois aspectos da pedagogia do amor no aprendizado dos estudantes: “o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, que são inspirados nos ideais de solidariedade humana”. Martins, que é defensor da metodologia, afirmou ainda que a pedagogia do amor tem como objetivo “o pleno desenvolvimento do educando, o preparo para o exercício da cidadania ativa e a qualificação para as novas ocupações no mundo do trabalho”. Além disso, prioriza e estimula os conhecimentos éticos em sintonia com os problemas do mundo presente.
Em entrevista publicada no dia 4 de maio do ano passado, no site da Secretaria de Educação da Bahia (http://www.sec.ba.gov.br/entrevistas/entrevista15.htm ), Gabriel Chalita, secretário da Educação de São Paulo, defendeu a posição de que os educadores devem “ensinar valores essenciais para a vida”, e não se ater somente no aspecto cognitivo. Segundo o secretário, que já publicou estudos sobre a pedagogia do amor, a metodologia é “capaz de originar inúmeras virtudes, qualidades e emoções que dignificam a vida e compõem a base de uma existência fundamentada no que há de mais puro e fraternal”.
A pedagoga Rosimara Saraiva Carvalho incentiva o vínculo afetivo entre professores e alunos, mas de modo profissional. A visão de Martins e Chalita, para ela, soa um tanto utópica em termos práticos. A pedagoga explica que existe, primeiramente, uma contradição no processo educacional brasileiro que precisa ser solucionada: prega-se que a escola é uma extensão da casa dos alunos, um segundo lar, mas a relação entre professores e alunos não possui caráter familiar. Ressalta que, mais do que adotar um método, é necessária a reestruturação do ensino, para que os papéis dos educadores, dos estudantes e das famílias sejam redefinidos. “A escola não é um segundo lar e nem é a continuação da nossa casa”, afirma. Rosimara questiona a formação dos profissionais da educação, incentivando que eles precisam repensar a prática docente, saber lidar com os conflitos de sala de aula e ter equilíbrio emocional. “Tem dias que o aluno não consegue ser ouvido em casa e quer ser ouvido em algum lugar. Eu, enquanto professora, tenho de ter um olhar diagnóstico para saber o dia que o aluno não está bem e tentar saber o porquê.”
*Foto retirada do site Taxprof.
Desde o ensino fundamental até o curso de graduação, os currículos escolares e universitários priorizam quase que exclusivamente a formação racional e teórica. De acordo com Rosimara Saraiva Carvalho, pedagoga e mestra em psicologia social e da personalidade, isso relega a segundo plano o desenvolvimento das consciências cidadã, ética e social. Levando em consideração que a formação humana é tão importante quanto a intelectual, alguns estudiosos defendem a prática da pedagogia do amor. A metodologia, segundo especialistas, incentiva o exercício da cidadania e busca reduzir o abismo existente entre alunos e professores, por meio do amor.
O método foi originalmente elaborado na Itália do século XIX, por São Leonardo Murialdo. Ele pregava que somente educando o coração com o sentimento do amor seria possível educar o jovem integralmente. Em Maringá, a ONG Lar Escola é a única instituição que adota o método para atender mais de 200 crianças no contraturno das aulas escolares. Os alunos aprendem atividades, que vão desde o canto até a prática do artesanato. Segundo Thiago Gimenes Simões, diretor pedagógico do Lar Escola, as crianças recebem atenção, carinho, aprendem novos ofícios e não se envolvem com a criminalidade e com o trabalho infantil. “É por meio do amor que vamos conseguir educar os jovens e, conseqüentemente, a sociedade”, afirma Simões.
O pedagogo Vicente Martins, em artigo publicado na Revista Espaço Acadêmico, de setembro de 2001, ressaltou a importância de dois aspectos da pedagogia do amor no aprendizado dos estudantes: “o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, que são inspirados nos ideais de solidariedade humana”. Martins, que é defensor da metodologia, afirmou ainda que a pedagogia do amor tem como objetivo “o pleno desenvolvimento do educando, o preparo para o exercício da cidadania ativa e a qualificação para as novas ocupações no mundo do trabalho”. Além disso, prioriza e estimula os conhecimentos éticos em sintonia com os problemas do mundo presente.
Em entrevista publicada no dia 4 de maio do ano passado, no site da Secretaria de Educação da Bahia (http://www.sec.ba.gov.br/entrevistas/entrevista15.htm ), Gabriel Chalita, secretário da Educação de São Paulo, defendeu a posição de que os educadores devem “ensinar valores essenciais para a vida”, e não se ater somente no aspecto cognitivo. Segundo o secretário, que já publicou estudos sobre a pedagogia do amor, a metodologia é “capaz de originar inúmeras virtudes, qualidades e emoções que dignificam a vida e compõem a base de uma existência fundamentada no que há de mais puro e fraternal”.
A pedagoga Rosimara Saraiva Carvalho incentiva o vínculo afetivo entre professores e alunos, mas de modo profissional. A visão de Martins e Chalita, para ela, soa um tanto utópica em termos práticos. A pedagoga explica que existe, primeiramente, uma contradição no processo educacional brasileiro que precisa ser solucionada: prega-se que a escola é uma extensão da casa dos alunos, um segundo lar, mas a relação entre professores e alunos não possui caráter familiar. Ressalta que, mais do que adotar um método, é necessária a reestruturação do ensino, para que os papéis dos educadores, dos estudantes e das famílias sejam redefinidos. “A escola não é um segundo lar e nem é a continuação da nossa casa”, afirma. Rosimara questiona a formação dos profissionais da educação, incentivando que eles precisam repensar a prática docente, saber lidar com os conflitos de sala de aula e ter equilíbrio emocional. “Tem dias que o aluno não consegue ser ouvido em casa e quer ser ouvido em algum lugar. Eu, enquanto professora, tenho de ter um olhar diagnóstico para saber o dia que o aluno não está bem e tentar saber o porquê.”
*Foto retirada do site Taxprof.