domingo, março 12, 2006

 

Consumo de carne com aftosa é inviável


De acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), todo o rebanho que esteja sob suspeita de contaminação por febre aftosa deve ser sacrificado para que a doença seja contida. Embora o vírus seja inofensivo à saúde das pessoas, a carne dos animais infectados não pode ser comercializada pois, segundo Luiz Paulo Rigolon, médico veterinário e doutor em reprodução animal, a doença pode se alastrar para outros rebanhos durante o transporte do gado doente para o abate no frigorífico.

O vírus da febre aftosa possui alto grau epidêmico, ou seja, é transmitido com muita facilidade de animal para animal, de acordo com Rigolon. Para a carne ser comercializada, o rebanho deve ser transportado com vida do pasto até o frigorífico, onde ocorre o abate, e a carne recebe o tratamento necessário para consumo. No caso de animais contaminados pela doença, o deslocamento até o frigorífico é inviável, uma vez que o gado deve ser transportado vivo e, no trajeto para o abate, o rebanho infectado é um potencial disseminador do vírus para os animais sadios das propriedades próximas.

Essa é a primeira vez que o Paraná está sob suspeita de contaminação por febre aftosa desde 1995. Embora não haja a confirmação da presença do vírus nos rebanhos do Estado, a simples dúvida exige o sacrifício dos animais. De acordo com o médico veterinário José Maurício Gonçalves dos Santos, os animais que foram e serão sacrificados estiveram em contato com bovinos doentes vindos do Mato Grosso do Sul. “A febre aftosa não se trata, se elimina”, afirma Santos. A partir de então, as propriedades que tiveram os rebanhos sacrificados permanecerão inativas durante seis meses, “para retomar o status de ausência da doença”, explica o veterinário.

Embora a dúvida de contaminação dos rebanhos permaneça sem resposta, Rigolon afirma que “não há febre aftosa no Paraná e o governo é ciente disso”. De acordo com Santos, o foco foi notificado “com base em respostas sorológicas que podem ser bastante dúbias”. Isto acontece devido à dificuldade de se descobrir a origem dos anticorpos encontrados nos organismos dos animais, no chamado exame de sorologia. Os anticorpos podem ser provenientes de uma reação imunológica à vacina (que insere o vírus inativo da doença no organismo do boi), ou ao vírus adquirido por meio de contágio (neste caso, com a contaminação propriamente dita).

De acordo com o zootecnista e doutor em produção animal Saul Ferreira Caldas Neto, estima-se que sejam sacrificados, no total, 3.600 animais em todo o Estado. Parte dessa quantia já foi sacrificada, como os rebanhos das fazendas Cesumar e Pedra Preta, em Maringá, que somavam mais de 370 bovinos. “Depois que apareceu a questão de suspeita no mercado internacional, o governo nacional preferiu não arriscar”, conclui.

*Foto retirada do site Agorams.

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