No último dia 6, a repórter Judith Miller, do jornal The New York Times, foi presa por ser ética. Isso mesmo: presa por ser ética. A prisão aconteceu porque Miller não quis revelar a fonte que lhe informou a identidade de uma agente secreta americana que estaria envolvida em um grande escândalo nos Estados Unidos. A jornalista ficará presa até o mês de outubro, quando devem ser finalizadas as investigações a respeito deste caso, ou até que ela resolva revelar quem foi à fonte que lhe trouxe tais informações.

Um questionamento se faz necessário perante este absurdo: Para que serve a ética então? Os manuais de jornalismo prezam pelos jornalistas que aderem à ética, transformando-a em suas próprias tabulas de mandamentos sagrados. Mas, se um profissional correto nestes termos não tem, nem ao menos, sua liberdade garantida, o que lhe resta?

O engraçado é que quando um jornalista é pego praticando algo que vá contra a ética em sua profissão, ele paga por não ser ético, o que é, logicamente, correto. Mas, agora ser ético também se torna uma razão para que haja represálias ao profissional jornalista? Isso não faz sentido, uma vez que a ética profissional deixa de ser valorizada em detrimento de outros interesses, como o de tornar público a identidade de uma fonte que pediu por sigilo. A revelação da identidade da fonte pode trazer à vida desta pessoa uma série de conseqüências e efeitos não premeditados, e a única pessoa que parece se importar com isso é a jornalista Judith Miller.

Miller está se mostrando bastante consciente destes pontos quando se recusa a identificar a sua fonte, mesmo sendo ela indiciada e presa. Está aí um grande exemplo aos aspirantes jornalistas, que devem brigar pelo direito de não revelar informações de caráter sigiloso, mesmo quando tal ação se faz pertinente. Identificar fontes secretas, como no caso Miller, colocaria em risco a integridade física e psicológica de algumas pessoas, e os jornalistas devem estar atentos a esta questão ética.

*Crédito da foto: Divulgação