quarta-feira, junho 15, 2005

 

Solução mágica

A imprensa maringaense, alias parte dela, tem mostrado diariamente uma imagem de gesso que “solta” litros e litros de um líquido semelhante à água, mas com um toque de sal. A forma que programas populares, tanto no rádio como na TV, tratam o fato é extremamente sensacionalista. Os apresentadores, comentaristas ou “repórteres” fazem uma abordagem que me faz lembrar o caso de uma imagem produzida em uma janela por um produto químico, no estado de São Paulo, que diziam ser de Nossa Senhora.

Sou católico, mas olho para isso com ceticismo e me pergunto por que tanta gente busca milagres em certas frivolidades. Penso que isso é o reflexo da cultura de uma sociedade marcada por esperanças sem sucesso. As pessoas buscam, de forma mágica, a solução para os seus problemas e quando encontram algo que parece ser divino muitos se apegam de tal forma que perdem o pouco da visão fora do senso comum que possuem.

Nesta quarta-feira a Universidade Estadual de Maringá deve divulgar um laudo especificando se o que escorre da imagem de Nossa Senhora Aparecida é água ou outra substância. Segundo Dom Anuar Battist, arcebispo de Maringá, a Igreja precisa de comprovações científicas para emitir um parecer sobre o assunto.

Comments:
Parabéns Marcos!!!
Adorei seu texto... você conseguiu informar e expressar sua opinião, tudo com bom senso e racionalmente, coerentemente.
Muito bom mesmo...
Um abraço
 
Parabéns pelo texto.
É incrível como as pessoas conseguem iludir-se facilmente.
Abraços
 
Pragmatismo e ceticismo, dois companheiros inseparáveis.

A propósito, os jornalistas paranavaienses devem estar com muito serviço, ou com muita preguiça, pois aqui não saiu nada a respeito deste "milagre".
 
Parabéns Marcos adorei o seu texto. Como a Sarah disse você conseguiu fundir informações com a sua opinião.Ficou muito bom.
Sou meio suspeita de falar de religião (principalmente a católica), ceticismo, pragmatismo.Sem falar em ortodoxia...Mas concordo com o seu posicionamento em relação à imagem de Nossa Senhora. Hoje em dia é tão difícil as pessoas se amarem de verdade, todo gira em torno de interesses, seja comercial ou afetivo. Mas tem interesse. Fora o individualismo, a solidão, o egoísmo...É triste pensar como o mundo real é. Acredito que para fugir desses transtornos reais, as pessoas se escondem em crenças e superstições. E acreditam no primeiro "mágico", exibicionista, malandro que aparece.
 
Toda vida foi assim, Caroline, e faz parte do ser humano crer em algo sobrenatural. Não necessariamente ter uma regilião, mas acreditar que algo superior influência nas nossas míseras vidinhas.

O que eu acho errado é o excesso de adoração acerca de imagens, ou supostos "milagres", como este descrito no post. Opa, hora de parar: meu lado cético já está falando demais...
 
Mas esses casos de fanatismo religioso, crença no sobrenatural, do mundo místico não acontecem unicamente com os crentes católicos. Veja o exemplo da Igreja Protestante, de uma das colônias inglesa, Massachusetts do. Um dos fatos mais significativos derivados do ideal de Igreja-Estado foi à perseguição intolerante as bruxas. O autoritarismo de uma religião que se pretendia única, desencadeou naturalmente na perseguição de todas as formas de contestação, fossem reais ou imaginarias.
Um surto de feitiçaria como de Salem, em 1692, assumia proporções inéditas. Neste mesmo ano um grupo de adolescentes acusou varias pessoas de enfeitiçá-las.O processo acabou envolvendo vários membros da comunidade, entre homens e mulheres. A cidade de Salem viveu uma verdadeira histeria coletiva. Haviam surtos freqüentes: moças rolavam gritando, caiam doentes sem causa aparente, não conseguiam acordar pela manhã, animais morriam, arvores cheia de frutos secavam. As razões, no entender dos habitantes de Salem, só poderia ter ligação com uma ação demoníaca.
O juiz fazia o acusado e as vitimas (as moças “aflitas” , como usualmente chamadas), ficarem frente a frente. Era muito comum as moças terem novos ataques histéricos diante do suposto feiticeiro. Os acusados eram enviados à prisão.
Havia uma crença generalizada de que a associação com o demônio produzia marcas no corpo: um tumor, uma mancha, regiões que não sangravam, polegar deformado.Submetidos a tratamentos “especiais”, muitos acusados acabavam confessando que, de fato, estavam associados ao demônio e realizavam feitiço contra a comunidade.
Os processos de Salem já receberam varias explicações Algumas, de caráter mais psicológico, lembram as tensões entre mães e filhas, estas fazendo coisas que não poderiam normalmente fazer e alegando estarem enfeitiçadas. Em outras palavras, alegando o poder do demônio, uma jovem poderia gritar com sua mãe ou mesmo ficar nua! Afinal tudo era obra do demônio...
Outras explicações remetem às tensões internas das colônias (entre as principais famílias). Em que acusar o membro de uma família rival de bruxo ou de bruxa tinha um grande peso político. Por fim, sem esgotaras explicações, há de se levar em conta todas às frustrações das comunidades, a perfeição de sua construção de acordo com as Leis de Deus e da Bíblia não havia se realizado.
 
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