sábado, dezembro 03, 2005

 

Terra pra quem?

Nesta terça-feira, dia 29, o congresso aprovou o relatório final da chamada CPI da Terra. Um documento que busca claramente impedir qualquer tentativa de reforma agrária no país.

Depois de derrubar a proposta inicial do deputado João Alfredo (PSOL –CE), a comissão aprovou um texto paralelo do pefelista paranaense Abelardo Lupion, que apresenta dois projetos: a classificação das “invasões” de terra como “atos terroristas”, e as ocupações, saques e depredações com “fins políticos” como “crime hediondo”. Além do indiciamento de toda a liderança do MST.

Então nos perguntamos: terra pra quem? Depois de tanto se discutir sobre a violência no campo, essa é a saída? Transformar um movimento social em um grupo de guerrilha? Seus líderes em criminosos, e sua atuação política na sociedade em atos criminosos?
A violência, por acaso, vem somente de um lado? Porque dentro desse projeto não se faz referência aos donos de terra que contratam pistoleiros, e que se impõem como forças vigentes onde o Estado se faz ausente.

Há certo tempo não se via uma mobilização tão descarada da elite, nesse caso agrária, para defender os “seus direitos”, como se o interesse comercial vigorasse sobre as leis institucionais de liberdade e igualdade que abrangem a todos os indivíduos da sociedade, sem distinção.

De certo não há somente “santos” dentro do Movimento dos Sem Terra, como em todos os lugares, sempre há os indivíduos que se aproveitam de uma causa. Porém não se pode minimizar e autoritariamente ignorar a força de um movimento social que expressa sim, a realidade e a grande necessidade que se há nesse país de uma profunda reforma agrária, como causa e conseqüência rural de uma melhor e mais igualitária distribuição de renda.

Deixar-se calar perante esse crime declarado, é fugir a sua responsabilidade como cidadão. Ignorar a miséria, as desigualdades e os problemas do país, por elas não te atingirem diretamente é negar sua própria humanidade e compaixão pelo próximo.

*Foto retirada do site ipsaa

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