terça-feira, novembro 08, 2005
Os fins justificam os meios?
Caco Barcellos é um jornalista nos padrões da ética. Um exemplo claro a ser seguido no quesito “dever” do profissional, que, em suas palavras, deve “ouvir” as pessoas envolvidas em um acontecimento qualquer. TODAS as pessoas. Talvez seja este o segredo do sucesso e do reconhecimento que Barcellos recebe comumente por seus trabalhos e projetos pessoais – como por exemplo os livros “Revolução das crianças”, “Rota 66” e “Abusado”.
Essa foi minha conclusão após assistir, ontem à noite, a palestra ministrada por ele próprio na universidade onde estudo – Centro Universitário de Maringá (Cesumar). Tudo o que ele disse não foi, necessariamente, coisas que eu – e os outros acadêmicos também – nunca tivéssemos ouvido. É muito comum dentro da universidade ouvirmos o mesmo discurso só que num tom mais teórico. A diferença ali era que a “prática” do exercício do jornalista dava o seu parecer “prático” sobre a ética na profissão. Para sustentar seus argumentos, Barcellos não teve dificuldade alguma em utilizar suas experiências próprias como modo exemplificativo.
Uma das frases de Barcellos que mais surtiram efeito na minha conclusão foi a asserção “eu não partilho com a polícia”. Ou seja – e ao contrário de outro jornalista global, César Tralli – Barcellos não compactua com a polícia para obter informações secretas e presenciar situações que lhe rendam uma boa reportagem. O seu sucesso está calcado no suor próprio em não ouvir somente as fontes oficiosas. Ele, literalmente, gasta sola de sapato e faz questão de ouvir todos os dois lados – se é que em um acontecimento só existem DOIS lados – de um fato em si. Ele busca, ele pesquisa, ele percorre até conseguir compor toda a gama de declarações que uma boa reportagem necessita para ser fiel à ética e à realidade dos acontecimentos.
Pois bem. Uma outra conclusão passível de ser observada é quando realizamos que ele é um dos maiores jornalistas investigativos do Brasil. Será que é preciso, como alguns costumam defender, ser antiético para obter um furo de investigação? Será que a utilização de gravadores e câmeras escondidas é aceitável quando se trata de uma denúncia de grande porte pela imprensa? Será mesmo que a quebra do off nada significa quando se trata de jornalismo investigativo?
Em outras palavras, será mesmo que os fins justificam os meios? Caco Barcellos diz que não.
*Foto retirada do site Prêmio CPFL de Imprensa.
Comments:
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Thy, só acho que o César Trali não pega informações com a polícia, e sim DÁ informações para a polícia. ELE investiga e descobre as coisas e manda a polícia prender. Já o Caco descobre as mesmas coisas, mas não DÁ nenhuma informação à polícia, como se as reportagens que ele fizesse fossem simplesmente para ele entender o mundo e fazer com que as pessoas conheçam uma outra realidade, dismistificada.
Ele é muito bom.
Beijão tri..
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Ele é muito bom.
Beijão tri..
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