terça-feira, novembro 01, 2005

 

O que você vai TER quando você crescer?

Mal acabou o dia das crianças e os shoppings e as lojas já estão falando do natal. Todo ano e durante todo o ano é assim. Quando acaba o ano novo, já se fala em carnaval, quando acaba a festa já se fala no próximo feriado, é como se o brasileiro vivesse em busca dos feriados (ou será que é o comércio que vive atrás de datas festivas para aumentar as vendas, seja de produtos ou notícias?). Atualmente trabalha-se no domingo, em feriados e até durante a madrugada (como em algumas lojas 24h). Tudo isso pra que? Pelo dinheiro? Dinheiro pra usar com o quê?

Daí comecei a pensar, qual o objetivo de se viver? Para a maioria das pessoas é trabalhar para ganhar dinheiro para consumir, num círculo vicioso que não acaba nunca. Desde pequenos ouvimos a seguinte pergunta: “O que você vai ser quando crescer?”, como se apenas fossemos “alguém” quando tivéssemos idade de trabalhar e ganhar o próprio dinheiro. Se alguma criança responde à tal pergunta com um “ah, eu quero ser dona-de-casa” ou “quero morar numa fazenda e viver de plantação de subsistência e ser feliz para sempre”, com certeza ouviria que “isso não é futuro!”. O que seria um futuro bom então? O que seria uma vida digna? Ficar em média 12 horas fora de casa para trazer o sustento (contando tempo gasto com transporte), chegar em casa e descansar por no mínimo mais 2 horas vendo televisão e tendo uma consciência totalmente parcial da realidade, dormir mais 8 horas, sobrando para a família e lazer apenas 2 horas do dia? Isso é o ideal?

Passa-se mais tempo no trabalho do que com quem se gosta (exceto quando o chefe é quem se ama he he he). Tudo isso para que na próxima data comemorativa se possa gastar o dinheiro labutado com presentes materiais como forma de compensar a falta física nos lares, nos relacionamentos. Não defendo o sedentarismo, sou contra o pensamento que se instalou na sociedade de que dinheiro não é mais para o sustento, mas para alimentar a ganância de se ter cada vez mais. Depois da perda de consciência do valor-de-uso e valor-de-troca e com a linha de produção do Ford, tem-se a estranha mania de acreditar que o dinheiro é o fator mais importante da vida e que com ele conseguimos comprar tudo. Mas e a felicidade? Quanto custa pra você?


*Foto de Sônia Baiocchi

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