domingo, janeiro 29, 2006
Comparsas
Surpreendi-me ontem com uma cena teatral, trapaceira e desesperadora durante a viagem de ida à Cidad Del Leste, no Paraguai. Como todo “bom” cidadão, isento de qualquer soma exorbitante em valor monetário, meu refúgio para comprar determinados produtos é na ilegalidade de isenção de impostos do vizinho Paraguai.
Na viagem de ida, enquanto o carro jazia estacionado sobre a balsa que atravessa um trecho de rio para desembocar do lado oposto, onde a viagem continua, um homem, que aparentava uns 28 anos de idade com uma apresentação paupérrima, chegou para outros rapazes que estavam do lado de fora de seus carros, sobre a balsa, e os desafiou em um jogo. Ele equilibrava sobre uma de suas mãos um pequeno pedaço retilíneo de madeira, como a parte superior de uma mesa, e sobre ela havia três tampas de garrafas e um grão de feijão. O homem, com apenas uma das mãos, começou a trocar as tampas de posição sobre a “mesa de mão”, alternando a posição do grão do feijão no interior delas. Ora estava sob uma das tampas, ora sobre outra.
De repente ele pára de mexer nas tampas e pergunta quem gostaria de arriscar um palpite sob qual das tampas estaria o grão de feijão. Um homem, com cerca de 50 anos e apresentação modesta, se prontifica. O desafiador diz que o palpite custa R$50. O homem paga, aponta a tampa sob a qual acredita estar o grão de feijão e, para sua desolação, ele erra. O desafiador embolsa R$50. Outro homem, aparentemente mais jovem e mais confiante, resolve palpitar sobre qual das duas tampinhas restantes estão o grão de feijão. Ele paga, palpita e erra. O desafiador já soma R$100 somente naquele jogo.
Revoltado, o primeiro homem a palpitar pede uma revanche. O homem das tampinhas recomeça o jogo, embaralhando-as sobre o pedaço de tábua. Quando pergunta para o homem onde está o grão de feijão, ele paga, palpita e, dessa vez, acerta. Sentindo-se revigorado, o homem então recupera seus R$50 iniciais perdidos e ganha mais R$50. Outros homens se entusiasmam e resolvem apostar. Vários deles – não pude contar quantos. Todos perdem, e o desafiador fecha aquela rodada com um saldo mais do que positivo.
Antes mesmo de a balsa aportar do outro lado do rio, uma viatura da polícia que estava ali entra em ação e prende o desafiador e o único homem que conseguiu vencê-lo. Eram comparsas.
Na viagem de ida, enquanto o carro jazia estacionado sobre a balsa que atravessa um trecho de rio para desembocar do lado oposto, onde a viagem continua, um homem, que aparentava uns 28 anos de idade com uma apresentação paupérrima, chegou para outros rapazes que estavam do lado de fora de seus carros, sobre a balsa, e os desafiou em um jogo. Ele equilibrava sobre uma de suas mãos um pequeno pedaço retilíneo de madeira, como a parte superior de uma mesa, e sobre ela havia três tampas de garrafas e um grão de feijão. O homem, com apenas uma das mãos, começou a trocar as tampas de posição sobre a “mesa de mão”, alternando a posição do grão do feijão no interior delas. Ora estava sob uma das tampas, ora sobre outra.
De repente ele pára de mexer nas tampas e pergunta quem gostaria de arriscar um palpite sob qual das tampas estaria o grão de feijão. Um homem, com cerca de 50 anos e apresentação modesta, se prontifica. O desafiador diz que o palpite custa R$50. O homem paga, aponta a tampa sob a qual acredita estar o grão de feijão e, para sua desolação, ele erra. O desafiador embolsa R$50. Outro homem, aparentemente mais jovem e mais confiante, resolve palpitar sobre qual das duas tampinhas restantes estão o grão de feijão. Ele paga, palpita e erra. O desafiador já soma R$100 somente naquele jogo.
Revoltado, o primeiro homem a palpitar pede uma revanche. O homem das tampinhas recomeça o jogo, embaralhando-as sobre o pedaço de tábua. Quando pergunta para o homem onde está o grão de feijão, ele paga, palpita e, dessa vez, acerta. Sentindo-se revigorado, o homem então recupera seus R$50 iniciais perdidos e ganha mais R$50. Outros homens se entusiasmam e resolvem apostar. Vários deles – não pude contar quantos. Todos perdem, e o desafiador fecha aquela rodada com um saldo mais do que positivo.
Antes mesmo de a balsa aportar do outro lado do rio, uma viatura da polícia que estava ali entra em ação e prende o desafiador e o único homem que conseguiu vencê-lo. Eram comparsas.