O ano de 2006 ainda nem começou e já há o que comentar sobre o que irá acontecer no curso de jornalismo do Centro Universitário de Maringá (Cesumar). Eis o fato: As próximas duas novas turmas, que irão iniciar o curso no ano que vem, obedecerão a uma nova grade de disciplinas, que preza pela prática jornalística desde o 1º ano. E isto pode ser bom ou ruim.

O primeiro ano do curso deve inteirar o acadêmico sobre a área na qual se pretende atuar, dar-lhe embasamento teórico – para que seja possível a análise crítica dos preceitos sociais – e, se possível, aliar tais fundamentos com a própria prática. No entanto, fazer da prática o tópico mais importante de uma grade curricular, para o início do curso, pode colocar em segundo plano justamente o fator intelectual que serve de base sólida para o acadêmico de jornalismo. Digo isto, pois, para se efetuar a prática propriamente dita, é necessário demandar muito tempo para que haja sua consolidação e, neste aspecto, o respaldo teórico pode adquirir uma relevância menor.

Analiso essa mudança com um certo ceticismo – e é necessário que eu o admita. O curso em si já é técnico demais a partir do segundo período, e se não houver, no primeiro ano, uma boa instrução no campo teórico, o profissional que irá se formar poderá não ter a mesma percepção analítica dos outros beneficiados com uma aprendizagem teórica mais rígida. Eis um fato que deve ser analisado com cautela. Para o exercício da prática em si há os três anos finais do curso para tal dedicação e, portanto, o primeiro período não precisa ficar tão focado no quesito de tal exercício.

A teoria é tão importante e valiosa no jornalismo que existem universidades que focam o curso inteiro na formação de um profissional-intelectual, como a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UFPG). Não precisamos chegar a esse extremo, de buscarmos unicamente a teoria, mas também devemos evitar cair no outro extremo, focados unicamente na prática.