domingo, novembro 13, 2005

 

Brincadeiras modernas

O abismo social cresce cada vez mais. Antigamente as crianças não eram totalmente atingidas com as diferenças econômicas, na hora da brincadeira toda criança, rica ou pobre, era igual, talvez com a diferença de brinquedos melhores, mas eram os mesmos. Meninas brincavam de boneca, as que podiam, tinham Barbie, as que não podiam tinham alguma boneca semelhante. Os meninos tinham carrinho, uns de fricção outros de plástico mesmo, mas a diversão era a mesma.

Hoje, parei para pensar sobre isso e percebi a diferença de brincadeiras da classe média-alta e a baixa, principalmente entre os meninos. Se antes podia-se travar uma guerrinha com armas de plástico ou espada à la He-Man, hoje já não é mais assim para todos. Agora surge uma nova onda, a onda das cartas. Sim, isso mesmo. Não se assuste se você sair por aí e ver dois meninos tacando cartas no chão e gritando, eles não estão malucos e nem jogando truco, acredite.

Os desenhos japoneses, como “Yu-Gi-Oh” agora estão em alta e trazem este novo modo de brincar que, particularmente, não conheço muito bem. Sei que cada carta tem um bichinho que tem um poder e eles lutam entre si (pelo menos no desenho, na vida real, não sei bem como funciona), posso até arriscar e dizer que é um jokenpo moderno, se eu estiver errada os “Yu-Gi-Ohanos” que me perdoem.

Mas a questão é a seguinte, se anos atrás juntássemos crianças de diversos níveis sociais em um determinado local, elas se divertiriam de qualquer forma, pois as crianças são puras e ainda estão livres do preconceito de classes. No entanto, hoje, este preconceito surge precocemente, pois as brincadeiras não são mais as mesmas, tanto pela questão econômica, quanto cultural. Uma carta como estas, não têm preço tão acessível a todos, além de que um menino que mora na periferia ainda prefere jogar bola com amigos do que cartas. Se hoje colocarmos crianças pobres com crianças ricas, provavelmente, haverá uma separação natural econômica, as brincadeiras não são mais capazes de junta-las.

Se pensarmos que as brincadeiras são um ensaio para a vida social adulta e que desde cedo essa diferença já se mostra nítida entre as crianças, que tipo de sociedade teremos no futuro? Acredito que este abismo social não pare nunca de crescer e as brincadeiras são apenas um reflexo disto. Devemos banir com as diferenças e obrigar todos a brincarem das mesmas coisas? Não, claro que não. O problema não está na brincadeira em si, mas em todo o sistema montado em que nem as crianças mais estão livres.

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Tá com você.

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Foto retirada do site Jogo de Aprender

Comments:
Excelente texto, mt inteligente, nunca havia parado para pensar nisto. Parabéns!
 
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