domingo, outubro 09, 2005
O referendo já virou Bang Bang
A Rede Globo está apavorada com o número de críticas que recebeu, na última semana, acusando a novela Bang Bang de transmitir apologias de voto ao referendo sobre armas de fogo no Brasil. Segundo a coluna “Ooops!” do site UOL, a quantidade de mensagens enviadas à rede teria ultrapassado a marca dos 10 mil, o que é motivo de preocupação. São críticas de pessoas a favor e contra a proibição, que vêem na nova novela mensagens subliminares de influência.
Os que são a favor da proibição de vendas de armas no Brasil dizem que a novela é demasiadamente violenta. Criticam que seus personagens utilizam-se de armas de fogo como um modo de atribuir à violência um certo glamour. Segundo a facção do “Sim”, seria um modo da Rede Globo influenciar os telespectadores a votar o “Não” no dia do referendo.
Já para os que são contra a proibição, a novela utiliza-se da violência exagerada para criar aversão às armas na audiência. Seria um outro tipo de mensagem subliminar que influenciaria a audiência a votar o “Sim” no dia 23 de outubro.
Não é nenhum absurdo que a Globo esteja sendo criticada por ambas as facções políticas. Levando-se em consideração o momento “pré-referendo”, é até previsível que cada lado encontre na nova novela alguma possível mensagem subliminar a ser debatida. No entanto, conquanto a veracidade de uma ou outra crítica, é necessário resvalar as supostas razões:
1º) Se, de fato, a Globo pretende gerar com a nova novela uma simpatia do público pelas armas de fogo, então a maior rede televisa do país estaria entrando em uma contradição bastante evidente, que acusaria a mudança de posição: nos intervalos dos filmes que são exibidos na Globo sempre há a passagem de uma espécie de vinheta em forma de desenho animado. Há algumas destas vinhetas que explicitam claramente a intenção de desarmar o Brasil. Será que a Globo mudou de lado? Sinceramente, não acredito nisso.
2º) A crítica feita pela facção do “Não” é mais condizente com a realidade pregada pela Rede Globo: a de desarmar o país. A uso excessivo de cenas violentas, recheadas de armas de fogo seria mais um subterfúgio de influenciar a opinião popular. No entanto, trata-se de uma novela que tem como cenário as histórias de western, e é incabível imaginar um enredo desta temática sem a aura do uso de armas no velho oeste. É quase como assistir ao último capítulo de uma novela global e não se deparar com um casamento meloso.
Segundo a Rede Globo, a novela “Bang Bang” foi eleita para substituir “A Lua Me Disse” no final do ano passado, época na qual ainda não se falava em referendo. Esta justificativa parece convincente e pode até ser realmente verdadeira, mas convenhamos: Bang Bang veio a calhar na temática e as cenas de violência podem ter sido incrementadas com a finalidade de reforçar o que já vinha sendo dito há tanto pelas vinhetas globais.
*Foto retirada do site Globo.