No Brasil, o que parece imperar é a lei da selva de ouro. Por aqui, vale tudo. Vale matar, vale seqüestrar, vale estuprar, vale incendiar, assim como outros vales oferecidos pelo governo. Só que os primeiros, mais inusitados, são destinados somente às pessoas ricas, que acabam não se adaptando ao mundo carcerário e são soltas por alguma facilitação aparentemente incompreensível.

Ai do pobre que quiser esquartejar alguém e se meter a grã-fino para não ir preso! Não, não, não, no Brasil isso não é permitido. Só quem tem piscininha de dinheiro pode ser dar ao luxo de derramar o sangue alheio e continuar a freqüentar diariamente a loja da Daslu. Imagina só, se o pé rapado daquele bairro periférico terá a classe necessária para sair abafando da prisão, sob flashes e mais flashes dos fotógrafos de plantão... Nem pensar, isso é privilégio único e exclusivo dos riquinhos de herança.

A nova remessa de vales dá direito a inúmeros tipos de assassinato. É só escolher a opção que mais lhe agrada e mandar ver. Uma das opções é incendiar um índio que dorme na calçada. Mas, caso essa opção não pareça tão sádica quanto se queira, há também a opção de formar complô com o namorado e o cunhado e matar os próprios pais que lhe deram tudo na vida, enquanto estes dormem tranqüilamente agradecendo a Deus a filha que tem. Além destas, há também outros modos de se auto-realizar como criminoso-rico-e-impunível como estuprar entes queridos e planejar seqüestros de amigos. A parte suja da justiça dá toda a cobertura e garante a liberdade em pouquíssimo tempo, assim que a poeira que a mídia levanta baixar... fácil fácil.

Mas, lembrando mais uma vez, esse vale é de direito único e exclusivo daqueles que recebem salário ou mesada superior a 30 salários mínimos. Afinal, os-podres-de-ricos não podem usufruir os vales de programas sociais que o governo oferece, e a o lado negro justiça brasileira dá um jeitinho de agradar a classe rica e excluída de benefícios exclusivos... Compreensível, não é?

Nota: Esse texto foi escrito sob a regência exacerbada da ironia e do sarcasmo. Portanto, deve ser lido como uma negação extremista à impunidade daqueles que cometem crimes hediondos, como o assassinato, e não são submetidos ao que rege nossa constituição. Coincidência ou não, a impunidade para os crimes que foram relembrados acima deixam grande margem de dúvida sob a razão da suposta influência de seus criminosos em questão. A justiça brasileira tem o seu lado digno, mas nesses casos, deixou muito a desejar.

*Foto retirada do portal UOL