sábado, agosto 13, 2005

 

Revista ou Panfleto?


Cada dia mais a imprensa brasileira está sujeita a crises de ética e verdade. Na última quarta feira, dia 10 de agosto de 2005, a tão “objetiva” Revista Veja publicou, de forma opinativa, a matéria sobre a atual crise do governo Lula. Logo na capa, a principal revista brasileira demonstrou seu posicionamento quanto ao presidencialismo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente dos brasileiros que não desiste nunca estava sendo “impitimado” sem mesmo sair do poder. A capa apresentava na sua composição a fotografia centralizada de Lula, que está envolvida a uma cor preta, dando a idéia de luto. Ou seja, a figura presidencial de Lula estava até então intacta em meio a tanta escuridão que assombra seu governo.Para referenciar-se ao nome Lula, a revista colocou dois “L” nas cores verde e amarela, cores essas que nos faz relembrar do passado sombrio que a política brasileira vivera no início da década de 90. Além de simbolizar a democracia que se buscava na época das Diretas Já. Mas quando a revista, ou como o coordenador do Observatório da Imprensa disse hoje em entrevista ao apresentador Heródoto Barbeiro da CBN, “o panfleto”, utilizou-se das cores e da duplicidade do L de forma explícita, relacionando a atual situação governamental ao fato ocorrido com Collor de Melo e sua deposição do governo.

Outra característica do designer da capa da revista é a cor utilizada para no nome “VEJA”. Esta se apresentava na cor cinza, que segundo o meu professor de Informática Aplicada, Andye, simboliza seriedade. Que seriedade é essa? A da revista? Do editor chefe? Quem é sério na história?

Nós, acadêmicos de Jornalismo, aprendemos dia após dia que devemos fazer textos informativos de forma objetiva e com o máximo de neutralidade. Usar adjetivos...Nunca! Agora a belíssima revista, com uma das maiores credibilidades do mercado editoria, nos mostra que alguém está errado na história. Mas quem? A universidade ou a revista?

Comments:
Olá Caroline.
Bem, não sei dizer se alguém está completamente errado nesse caso. É fato que q Veja está pegando pesado (demais) e, em alguns casos, vendendo opinião embrulhada de notícia. Mas, acho que a revista está fazendo isso às abertas, adotando e defendendo uma linha editorial clara, e acho que uma empresa tem esse direito. Você não? Acho também, que a Veja e os profissionais que lá trabalham já tem uma história digna de certo respeito e podem emitir opiniões com uma certa propriedade. Não é o caso de pessoas que estão saindo da universidade. Além disso, você sabe bem que devemos correr atrás da isenção, mas que é impossível alcança-la. Que fique claro, que não defendo a Veja... Ela tem defeitos demais. Inclusive, acho que vocês deveriam explorar um assunto dessa Veja, e escrever sobre isso aqui. Algo absurdo de que ninguém está falando. O colunista (que não é jornalista) Diogo Mainardi quebrou um pedido de off descaradamente nessa edição, e isso pode trazer problemas para a credibilidade dos jornalistas de verdade. E já está trazendo...
 
Oi, desculpa a demora, mas demorei um pouco para ler, a menina entrou no blog do meu namorado e deixou recado falando.
Mando sim pra vc o material
Beijoes
 
Moçada, a idéia do blog é boa, mas não deixem seus preconceitos e a tentação das análises rasas, imediatistas e teoricamente frágeis contaminarem os escritos que publicam aqui. Essa análise da Veja é tão óbvia que dá um pouco de preguiça de chegar ao final do texto. A abertura (ou lide, se preferirem) do texto - "Cada dia mais a imprensa brasileira está sujeita a crises de ética e verdade" - é um nariz de cera, e uma promessa de argumentação que não se realiza no corpo do artigo, já que não há qualquer argumento que comprove que toda a imprensa brasileira está cada vez mais sujeita a crises de ética e verdade. A percepção empírica é um valioso dado de realidade mas, sozinha, não prova muita coisa nem sustenta muitas teses.
Não tenho e menor intenção de defender a revista e, pessoalmente, também não gosto da forma editorializada como ela trata os assuntos. Mas não esqueçamos que a Veja já publicou (e ainda publica, em algumas situações) boas e importantes reportagens. Também não esqueçamos que a imprensa brasileira enfrenta uma percepção cada vez mais apurada e crítica dos seus leitores e, nas diversas redações, os jornalistas cada vez mais questionam a sua própria profissão e o produto do seu trabalho. Não é ainda o melhor dos mundos, provavelmente nunca será, mas é um estado de coisas que não pode ser ignorado por estudantes de jornalismo. Permanecer atrelado às críticas rasas da teoria frankfurtiana pasteurizada não ajuda em nada, nada. Publicar artigos opinativos sem antes munir-se de muita leitura, questionamentos e confrontos teóricos e práticos, também não.
De qualquer forma, vou me tornar uma leitora deste blog.
 
Apenas complementando o comentário anterior... a revista Veja nunca deixou de manifestar sua opinião, muitas vezes de forma aberta. O que parece terem feito desta vez foi levar a linha editorial ao extremo e colocar logo na capa tudo o que eles estavam achando do que está acontecendo no cenário político brasileiro atual. E acredito que a opinião deles é mesma que a de grande parte da população brasileira (mesmo que esta ainda possa estar sem coragem de admitir).
 
Concordo com o posicionamento da Mônica em relação à análise da Veja. Quando fazemos um artigo opinativo, corremos o sério risco de cair em descrédito. Creio que - opinião puramente pessoal - seria mais interessante fazer uma reportagem sobre o assunto, evitando sair do lugar comum.
A respeito do comentário do Rafael, acho totalmente legítimo um veículo assumir sua posição. O problema reside em Veja não assumi-la. Leia atentamente os editoriais desde 18 de maio, data da publicação da matéria sobre a corrupção dos Correios. É recorrente a retórica da imparcialidade para fugir das críticas efetuadas pelos acusados de compactuarem com a corrupção no Brasil. É óbvio a associação Lula-Collor que a revista tem feito, travestida de imparcialidade.
abs
 
Olá Carol!
Bem.. o seu texto apresenta uma realidade... diria... preocupante do jornalismo brasileiro: Na Universidade aprende-se princípios. No mercado aprende-se uma lei de "selva": vender, vencer, vender. Os Valores, a ética e a objetividade, são usados a troca de favores e interesses.
Ao raphael digo que não "acho", pois tenho certeza que estudantes universitários podem opinar com muito mais propriedade e isenção ao contrário de muitos jornalistas que possuem sua história, seus princípios, mas que no entanto, assinam suas matérias a gosto da empresa e não da verdade dos fatos.
Filosou legal ein monica... sua leitura será bem vinda a este blog para aprender um pouco sobre humildade (naum pegou bem dizer: "De qualquer forma, vou me tornar uma leitora deste blog.")... particulamente gostei da sua análise, mas discordo que a imprensa brasileira "enfrenta uma percepção cada vez mais apurada e crítica dos seus leitores"... (destaque especial para o "cada vez mais", ou seria para o "mais"?). Sinceramente... ainda não vi nem li sobre os resultados, sejam práticos ou teóricos desse, seu, argumento. E olha que eu tenho lido pra caramba a respeito, ein!!!
tchau!!!!
 
Caroline, parabéns pela matéria!
É fato que estamos sofrendo uma tentativa de golpismo por parte do GRUPO CIVITA!
Está na hora de mostrar a todos a forma bizarra que a VEJA anda adotando os assuntos!
 
Concordo plenamente que a Veja é panfletária, unilateral, entreguista, vendida, etc.

Mas que universidade é essa que ainda ensina aos alunos de jornalistas que eles devem (ou podem) ser "neutros" ou "imparciais"? Isso nao existe...
 
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